Pode ser que tudo mude
Pode ser que o capital
Seja bolinha de gude
Nos bolsos do social.
Pode ser que o tempo mude,
Que esse imenso temporal
Seja neblina de açude,
Garoa de carnaval.
Ou então que o sonho mude,
Pode ser que esse ideal
Seja um sono que ilude
Sem sintoma e sem sinal.
Pode ser que a cena mude
E que esteja no final,
Um grande barril de grude
Colando o mau com o mal.
Ou então que nada mude
Que esse triste lamaçal
Seja apenas o prelúdio
Da sinfonia total.